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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

oferendas








Francisco era seu nome. Homem que conheceu desde muito jovem as dificuldades materiais da vida e acostumado a trabalhar desde o nascer do sol até a noite chegar, agora se aposentava. Saudável e com muita energia, não demonstrava seus cinqüenta e oito anos. Embora de família humilde, recebeu a melhor educação possível transmitida pelo exemplo de seus pais. A única herança que não quis herdar dos progenitores foi à fé. Incrédulo, não seguia nenhuma religião e até zombava delas.
A ociosidade que a aposentadoria trouxe para seu Francisco, o deixava ansioso. Agora que já havia reformado a casa, o galpão, plantado a horta, os dias demoravam muito a passar. Relembrando o dito popular que “cabeça vazia é oficina do mal”, em pouco tempo Francisco sentiu vontade de começar a divertir-se já que até então só havia pensado em trabalho. Morando próximo à cidade, ao entardecer resolveu visitar uma casa de diversões que existia por lá. Entre bebidas, mulheres e prazeres, perdeu a noção de tempo e retornava cambaleante já de madrugada, quando ao chegar numa encruzilhada avistou uma luz fraca no chão. Chegando próximo percebeu que ali tinha um “despacho”, como chamavam aquilo por lá. Uma bandeja grande onde repousava uma ave morta, velas, charutos e uma garrafa de cachaça, além de outros materiais.
Aliado a sua falta de crença em qualquer coisa, estava agora a bebedeira e todas as energias condizentes ao lugar de onde viera. Com desdém e desaforando com palavrões, juntou a garrafa de bebida e os charutos e chutou o resto do material. Até chegar em casa bebeu quase tudo e fumou alguns charutos.
No outro dia contava para a esposa sobre o “achado” e debochava com sarcasmo. A bondosa mulher, cuja mãe em vida era médium benzedeira, respeitava todas as manifestações ligadas ao mundo espiritual, conforme ensinamentos que havia recebido e por isso chamou a atenção do marido, dizendo-lhe que, se não acreditava deveria pelo menos respeitar. “Não presta mexer com trabalho de encruza”, repetia ela preocupada.
Outras noites a cena se repetiu da mesma forma, até o dia em que ao chutar a oferenda, enxergou na sua frente um homem de capa negra, com um chicote trançado na mão. Sua perna paralisou no ar e em pânico saiu pulando numa perna só, caindo e levantando. Por uma boa distância ainda, ouvia a gargalhada daquele homem ressoando no ar.
No outro dia, sentia dor nas costas como se houvesse apanhado e só de lembrar a cena vivida na noite anterior, arrepiava de medo. Temia contar para a esposa, pois sabia que o condenaria novamente pela atitude. Esta, vendo o marido cabisbaixo e triste, perguntou se estava adoentado. Nada respondeu, pois sentia-se como se estivesse, inclusive apresentando febre. Seus sonhos passaram a ser povoados pelo homem de negro e sua gargalhada. Acordava aos gritos e suando muito. Várias noites se repetiram desta maneira, até que resolveu contar para a esposa o que havia acontecido. Ela o aconselhou a tomar umas benzeduras, convidando para ir até um terreiro na vila vizinha. Meio renitente, mas sentindo a necessidade, ele aceitou com um misto de medo e curiosidade.
Após a abertura dos trabalhos com os pontos cantados e orações, ele já se sentia mais tranqüilo. Em frente ao médium que servia de aparelho ao um Caboclo, suas pernas tremiam que mal conseguia parar em pé. Nos ouvidos agora ressoava novamente a gargalhada do homem de negro e seu corpo arrepiava sem parar. Teve vontade de sair correndo daquele lugar, mas suas pernas não o ajudavam. Auxiliado pela esposa e pelo cambono, sentou-se numa cadeira para poder ser atendido pelo caboclo.
-Ogum é que está de ronda…Ogum é que vem rondar… -cantava a corrente, enquanto a entidade limpava com uma espada de São Jorge, o seu corpo etérico impregnado pela energia captada na encruzilhada. Depois com a firmeza característica de sua linha, o caboclo ordenou que ele ficasse de pé e lhe contasse porque estava ali. Desajeitado, mas já mais tranqüilo, falou:
_ Acho que mexi com o que não devia. Andei chutando uns “despachos” na encruzilhada e me apavorei com um homem estranho, que acredito não ser deste mundo…
_ Tranqüilize que tudo o que é possível ver, ouvir e sentir é deste mundo sim. O senhor acha certo ou errado a sua atitude?
_ Ah, eu não sei…Só fazia aquilo por brincadeira…
_ E se alguém fosse até a sua casa, chegasse lá chutando os móveis e quebrando tudo, se apoderando de sua comida na hora da refeição, iria gostar?
_ Lógico que não!
_ Pois é meu senhor. Foi o que fez lá na encruzilhada e por várias vezes, não foi?
_ É, foi.
_ O que não nos pertence não pode ser por nós seqüestrado. Não importa se o que estava lá é certo ou errado diante de seu entendimento. Além do físico, aquilo tudo tinha uma duplicata etérica que pertencia a alguém no mundo espiritual, com um objetivo e endereço vibratório certo. Cabe aos homens incrédulos, no mínimo respeitar a crença e atitudes dos outros. Lá estava um trabalho de magia – a cor dela não importa – era magia! Elementos e elementares, além de entidades espirituais, lá estavam atuando, se abastecendo da energia animal e etílica e foram incomodados, desrespeitados. O que o senhor presenciou na figura do homem, nada mais foi que a atuação enérgica de seu Exu guardião lhe colocando no devido lugar, antes que a Lei tivesse que atuar mais duramente. De difícil entendimento com as coisas do espírito, não crendo em nada que não seja palpável, se fez necessário a atuação materializada. Como criança teimosa, precisou da repreensão para só então respeitar. Isso não significa que encruzilhada é lugar de Exu, pelo contrário. Os espíritos que lá buscam se energizar com as oferendas são os chamados quiumbas, espíritos que embora fora do corpo físico, necessitam ainda de energias materiais.
- Exu… cruzes! Isso é coisa do capeta!
Era momento de esclarecer a verdadeira identidade deste guardião da luz tão mal falado. E assim foi feito.
Ao voltar para casa sentia tamanho bem estar, que naquela noite dormiu tranqüilamente depois de muitas noites de sobressalto, quando não, de insônia.
Suas visitas ao terreiro de Umbanda tornavam-se assíduas onde buscava sabedoria, força espiritual e conforto para sua alma. Ele tinha uma missão que se estendia além de aprender a ter fé. Era preciso cumpri-la, por isso em pouco tempo manifestava-se através dele, seu protetor Ogum de Ronda abrindo caminho para o Exu, que chegava gargalhando e de chicote na mão. Artefatos que usava no astral para auxiliar, acordando a todos quantos estivessem esbarrando nos limites da Lei.



Na Umbanda tão querida muito pouco se aprendeu,

Perderam-se em ler muito livros que pouco deles se entendeu,

Tornou-se uma religião de jalapa, com direito a batata,

Onde vale a sopa que se serve ao conselho do guia,

Onde tudo se pede, mas pouco se aprende,

Pois todos se dizem pais no santo, mas santo mesmo nem sempre,



E agora minha Umbanda que sempre primou pela ajuda,

Ficou perdida nesses novos dirigentes que gostam mais é de consulta,

Fala-se de tudo um pouco até mesmo distorcendo as lendas passadas,

Dizem que em suas casas é assim e que não há nada de errada,



E haja simpósio disso e daquilo, explicando até o inexplicável,

Criando novas células para dar continuidade ao andamento,

E esquecem-se de que Umbanda é pulsar e estar em pensamento,



Vira e mexe aparece algo de proveito, que dá sustento ao que se pratica,

Mas acabam aparecendo os jumentos que dela se fazem a negar,

Distorcendo em palavras o que em terra os guias vêm a mostrar,



Onde ficou minha Umbanda, onde será que se meteu?

Não haviam turbulências nem cursos ministrados por fariseus,

Nela se aprendia na lida, no ato de espiritar,

E dos guias se tirava a lição para depois poder aplicar,



Hoje há curso pra tudo, até para aprender a tocar,

Coisa que se aprendia ao lado dos tambores ao senti-los replicar,

Tudo isso para colocar a culpa no tempo,

Dizem que por não tê-lo tudo deve se adaptar,

E adaptam a tudo sem nem mesmo pestanejar,

Mudam da água pro vinho, celebram da forma mais XXI,

E se dizem não pararem no tempo, pois o tempo é apenas mais um,



Assim segue essa coisa que a muito deixou de ser Umbanda,

Pois na sopa que remexem enfiam tudo que dá,

Em uma mistura que não agrada e muito menos pretendo tomar,

Transformando a querida Umbanda em algo inócuo sem sabor,

Comparando-a de forma bem ingrata assim como uma sopa de Jalapa com batata.


terça-feira, 19 de outubro de 2010

Eu sou Umbandista...

Eu sou Umbandista...Mas o que é isso? O que é ser Umbandista?
É não ter vergonha de dizer: "Eu sou Umbandista".
É não ter vergonha de ser identificado como Umbandista.
É se dar,acima de tudo a um trabalho espiritual.
É saber que um terreiro,um centro, uma casa de Umbanda é um local espiritual e não a Religião de Umbanda em seu todo, mas todos os terreiros,centros e casas de Umbanda, representam a Religião de Umbanda.
É saber respeitar para ser respeitado,é saber amar para ser amado,é saber ouvir para ser escutado,é saber dar um pouco de si para receber um pouco de Deus dentro de si.
É saber que a Umbanda não faz milagres,quem os faz é Deus e quem os recebe os mereceu.
É saber que uma casa de Umbanda não vende nem dá salvação,mas oferece ajuda aos que querem encontrar um caminho.
É ter respeito por sua casa, por seu sacerdote e pela Religião de Umbanda como um todo: irmandade.
É saber conversar com seu sacerdote e retirar suas dúvidas.
É saber que nem sempre estamos preparados. Que são necessários sacrifícios,tempo e dedicação para o sacerdócio.
É entrar em um terreiro sem ter hora para sair ou sair do terreiro após o último consulente ser atendido.
É mesmo sem fumar e beber dar liberdade aos meus guias para que eles utilizem esses materiais para ajudar ao próximo, confiando que me deixem sempre bem após as sessões.
É me dar ao meu Orixá para que ele me possua com sua força e me deixe um pouco dessa força para que eu possa viver meu dia-a-dia numa luta constante em benefício dos que precisam de auxílio espiritual.
É sofrer por não negar o que sou e ser o que sou com dignidade, com amor e dedicação.
É ser chamado de atrasado, de sujo,de ignorante, conservador, alienígena,louco. E ainda assim,amar minha religião e defendê-la com todo carinho e amor que ela merece.
É ser ofendido físico,espiritual e moralmente, mas mesmo assim continuar amando minha Umbanda.
É ser chamado de adorador do Diabo, de Satanás, de servo dos encostos e mesmo assim levantar a cabeça,sorrir e seguir em frente com dignidade.
É ser Umbandista e pedindo sempre a Zambi para que eu nunca esteja Umbandista.
É acreditar mesmo nos piores momentos,com a pior das doenças,estando um caco espiritual e material,que os Orixás e os guias,mesmo que não possam nos tirar dessas situações, estarão ali, ao nosso lado,momento a momento nos dando força e coragem; ser Umbandista é acima de tudo acreditar nos Orixás e nos guias, pois eles representam a essência e a pureza de Deus.
É dizer sim, onde os outros dizem não!
É saber respeitar o que o outro faz como Umbanda, mesmo que seja diferente da nossa, mas sabendo que existe um propósito no que ambos estão fazendo.
É vestir o branco sem vaidade.
É alguém que você nunca viu te agradecer porque um dos seus guias a ajudou e não ter orgulho.
É colocar suas guias e sentir o peso de uma responsabilidade onde muitos possam ver ostentação.
É chorar, sorrir, andar,respirar e viver dentro de uma religião sem querer nada em troca.
É ter vergonha de pedir aos Orixás por você,mas não ter vergonha de pedir pelos outros.
É não ter vergonha de levar uma oferenda em uma praia ou mata,nem ter vergonha de exercer a nossa religiosidade diante dos outros.
É estar sempre pronto para servir a espiritualidade, seja no terreiro,seja numa encruza, seja na calunga,seja no cemitério, seja na macaia,seja nos caminhos. Seja em qualquer lugar onde nosso trabalho seja necessário.
É se alegrar por saber que a Umbanda é uma religião maravilhosa,mas também sofrer porque os Umbandistas ainda são tão preconceituosos uns com os outros.
É ficar incorporado 5, 6 horas em cada uma das giras, sentindo seu corpo moído e ao mesmo tempo sentir a satisfação e o bem estar por mais um dia de trabalho.
É sentir a força do zoar dos atabaques, sua vibração, sua importância, sua ação, sua força dentro de uma gira e no trabalho espiritual.
É arriar a oferenda para o Orixá e receber seu Axé.
É ver um consulente entrar no terreiro chorando e vê-lo mais tarde sair do terreiro sorrindo.
É ter esperança que um dia, nós Umbandistas,acharemos a receita do respeito mútuo.
É ser Umbandista mesmo que outros digam que o que você faz, sua prática,sua fé, sua doutrina, seu acreditar, sua dedicação, seu suor, suas lágrimas e sacrifício, não sejam Umbanda.
É saber que existe vaidade mesmo quando alguém diz que não têm vaidade: vaidade de não ter vaidade.
É saber o que significa a Umbanda não para você,mas para todos.
É saber que as palavras somente não bastam. Deve haver atitude junto com as palavras: falar e fazer,pensar e ser,ser e nunca estar.
É saber que a Umbanda não vê cor, não vê raça, não vê status social, não vê poder econômico, não vê credo. Só vê ajuda,caridade, luta, justiça, cura, lágrima… e bom,mal e bem...Os problemas,as necessidades e a ajuda para solucionar os problemas de quem a procura.
É saber que a Umbanda é livre; não tem dono, não tem Papa, mas está aí para ajudar e servir a todos que a procuram.
É saber que você não escolheu a Umbanda, mas que a Umbanda escolheu você.
É amar com todas as forças essa Religião maravilhosa chamada Umbanda.

sábado, 9 de outubro de 2010

Preto Velho e Preta Velha

Preto Velho e Preta Velha


“A ENTIDADE MAIS CARISMÁTICA DA UMBANDA”

“… Navio negreiro no fundo do mar
Correntes pesadas na areia arrastavam
A negra escrava se pôs a rezar,
A negra escrava se pôs a rezar,
Saravá minha Mãe Yemanjá…”

AS SETE LÁGRIMAS DE UM PRETO VELHO
“Num cantinho de um terreiro, sentado num banquinho, pitando o seu cachimbo, um triste Preto Velho chorava. De seus olhos molhados, lágimas lhe desciam pela face e não sei porque as contei.. Foram sete. Na incontida vontade de saber, aproximei-me e o interroguei.
- Fala meu Preto Velho, diz a este teu filho, por que esternas assim, esta tão visível dor ?
- Estás vendo, filho, estas pessoas que entram e saem do terreiro? As lágimas que você contou, estão distribuídas a cada uma delas.
- A primeira lágrima foi dada aos indiferentes, que aqui vem em busca de distração. Que saem ironizando e criticando, por aquilo que suas mentes ofuscadas não puderam compreender.
- A segunda, a esses eternos duvidosos que acreditam, desacreditando. Sempre na expectativa de um milagre, que os façam alcançar aquilo que seus próprios merecimentos lhes negam.
- A terceira, aos maus. A aqueles que procuram a Umbanda em busca de vinganças, desejando prejudicar a um seu semelhante.
- A quarta, aos frios, aos calculistas. Aos que, ao saberem da existência de uma força espiritual, procuram beneficiar-se dela, a qualquer preço, mas não conhecem a palavra gratidão e nem a Caridade.
- A quinta lágima, vê como chega suave? Ela tem o riso, do elogio e da flor dos lábios. Mas se olhares bem, no seu semblante, verás escrito: ‘Creio na Umbanda. Creio nos teus Caboclos, nos teus Velhos, e no teu Zâmbi, mas somente se vencerem no meu caso ou me curarem disso ou daquilo’.
- A sexta, eu dei aos fúteis que vão de Terreiro em Terreiro, sem acreditar em nada, buscando aconchegos e conchavos. Mas em seus olhos revelam um interesse diferente.
- A sétima filho, notas como foi grande ? Notou como deslizou pesada ? Foi a última lágrima. Aquela que vive nos ‘Olhos’ de todos os Orixás e de todas as entidades. Fiz doação desta, aos Médiuns. Aos que só aparecem no Terreiro em dia de festa. Aos que esquecem de suas obrigações. Aos que esquecem que existem tantos irmãos precisando de caridade, tantas ‘crianças’ precisando de amparo. Da mesma caridade e do mesmo apoio que eles próprios, um dia aqui vieram buscar.
Assim, filho meu, foi para esses todos que vistes cair, uma a uma, AS SETE LÁGRIMAS DE UM PRETO VELHO.

Pretos Velhos e Pretas Velhas
Com certeza a mais carismática entidade que povoa os terreiros de Umbanda. A mística do Preto Velho é fruto de condições e circunstâncias únicas em terras brasileiras.
A sofrida vida dos escravos, trazidos da África, já bastante documentada e comentada, fazia com que os indivíduos, em função do penoso e extenuante trabalho a que eram submetidos, somado aos maus tratos, vivessem, em média, somente sete anos após sua chegada ao Brasil.
As mudanças no panorama econômico brasileiro, como a decadência do ciclo da cana-de-açúcar e a redução da atividade mineradora, fizeram com que uma grande leva de escravos migrados, para os centros urbanos, pudesse levar uma vida mais amena e conseguisse ter uma expectativa de vida mais longa. Gosta de beber desde a cachaça branquinha até o vinho tinto bem forte ou um café amargo. Mas uma de suas bebidas favoritas é a polpa do coco verde, triturada no pilão e misturada com um pouco de pinga.
As histórias que ouvimos a respeito dos Pretos Velhos, são bastante variadas e pitorescas.
Dizem que em vida, foram grandes sacerdotes do culto dos Orixás; que viveram muitos anos devido a seus conhecimentos mágicos, alcançaram a sabedoria e usam estes conhecimentos misturados a um pouco de bruxaria, para os trabalhos de cura e descarrego.
Porém, algumas histórias nos dizem que eles foram homens comuns, que alcançaram a redenção espiritual através dos suplícios do cativeiro. A sua tolerância ao martírio, sem manifestar revolta ou ódio pelos seus algozes e o profundo amor indiscriminado pela humanidade, os ascendeu a um patamar de mestres espirituais.
Outros nos contam que, em vida terrena, os Pretos Velhos eram homens predestinados, encarnados para assegurar um lenitivo ao sofrimento dos escravos, e que, por sua bondade e sabedoria, cativaram a amizade até dos senhores brancos, a quem também acudia com conselhos e curas. Daí a sua relativa liberdade para atender, com suas curas, ao povo pobre e sua misteriosa longevidade que lhe proporcionava a fama de sábio e feiticeiro por viver muito mais que a maioria dos escravos comuns.
A idade avançada de um escravo, já era por si própria, digna de notoriedade, por fugir, muito, da realidade do cativeiro. Por isso, aquele elemento devia ter alguma coisa diferente.
Preto Velho também gosta de beber, em seu coité, uma mistura de folhas de saião, trituradas com mel e cachaça.
Um dos pratos típicos servido nas festas ou como oferenda ao Preto Velho, e o mais brasileiro de todos, é feijoada.
O feijão preto era o mais básico e barato alimento na senzala. Plantado, colhido e preparado pelos escravos, na própria fazenda em que trabalhavam, era, às vezes, enriquecido pelas sobras de carne da cozinha da casa grande (geralmente porco). As partes que o senhor branco não comia, como os pés, a orelha, a garganta, o rabo, o focinho, etc., iam direto para o tacho coletivo e assim nascia a feijoada.
A falange dos Pretos Velhos guarda sinais particulares e individuais da origem dos elementos que a compõem. Antigos escravos, estes ainda conservam certas designações que denunciam de qual nação ou tribo africana eram oriundos. Assim encontramos Pai Tião D’Angola, Vovó Maria Conga, Vovô Cambinda, Pai Joaquim de Aruanda, Pai Zeca da Candonga, todos com uma característica comum: a bondade e a doçura com que tratam os fiéis que os consultam, procurando um alívio para suas aflições.
Grandes conhecedores de magia, dos feitiços de Exú e das propriedades curativas das ervas, os Pretos Velhos usam também a fumaça de seus cachimbos, como os pagés e caboclos, para dissolver as cargas e energias negativas que envolvem as pessoas.
Trabalham com passes magnetizantes e indicam banhos de ervas para seus consulentes.
Porém uma de suas características mais marcantes é sua força psicológica. Sustentada pelo conhecimento espiritual, esta entidade surpreende e encanta.nas incorporações do Preto Velho, demonstram um quadro clássico da Umbanda. Os fiéis, ignorando o que seus olhos vêem, enxergam não o médium, mas um velhinho negro alquebrado pela idade e pela vida, usando às vezes um chapéu de palha, outras um pano enrolado na cabeça, com um galho de arruda pendurado atrás da orelha, apoiado numa bengala, fumando um cachimbo ou um charuto, rindo e bebendo no seu coité de casca de coco, até café amargo, bebida que muito aprecia, e, por vezes mastigando uma rapadura.
É quase um membro da família, aquele vovô sábio e bondoso que todos gostariam de ter.
É quando todas as barreiras caem e as pessoas entregam, aos seus ouvidos pacientes, suas histórias e mazelas, sem nenhum pudor de confessar fracassos ou desilusões. Por que não se sentem falando a um estranho, mas a alguém que parece conhecê-los desde o início de suas vidas.
Alguns dados Histórico-sociais
As grandes metrópoles do período colonial: Portugal, Espanha, Inglaterra, França, etc; subjugaram nações africanas, fazendo dos negros mercadorias, objetos sem direitos ou alma.
Os negros africanos foram levados a diversas colônias espalhadas principalmente nas Américas e em plantações no Sul de Portugal e em serviços de casa na Inglaterra e França.
Os traficantes coloniais utilizavam-se de diversas técnicas para poder arrematar os negros:
Chegavam de assalto e prendiam os mais jovens e mais fortes da tribo, que viviam principalmente no litoral Oeste, no Centro-oeste, Nordeste e Sul da África.
Trocavam por mercadoria: espelhos, facas, bebidas, etc. Os cativos de uma tribo que fora vencida em guerras tribais ou corrompiam os chefes da tribo e financiavam as guerras e fazia dos vencidos escravos.
No Brasil os escravos negros chegavam por Recife e Salvador, nos séculos XVI e XVII, e no Rio de Janeiro, no século XVIII.
Os primeiros grupos que vieram para essas regiões foram os bantos; cabindos; sudaneses; iorubas; geges; hauçá; minas e malês.
A valorização do tráfico negreiro, fonte da riqueza colonial, custou muito caro:
“Em quatro séculos, XV ao XIX, a África perdeu, entre escravizados e mortos 65 a 75 milhões de pessoas, e estas constituiam uma parte selecionada da população.
Arrancados de sua terra de origem, uma vida amarga e penosa esperava esses homens e mulheres na colônia: trabalho de sol a sol nas grandes fazendas de açúcar. Tanto esforço, que um africano aqui chegado durava, em média, de sete a dez anos!
Em troca de seu trabalho os negros recebiam três “pês”: pau, pano e pão. E reagiam a tantos tormentos suicidando-se, evitando a reprodução, assassinando feitores, capitães–do-mato e proprietários. Em seus cultos, os escravos resistiam, simbolicamente, à dominação. A “macumba” era, e ainda é, um ritual de liberdade, protesto, reação à opressão. As rezas, batucadas, danças e cantos eram maneiras de aliviar a asfixia da escravidão. A resistência também acontecia na fuga das fazendas e na formação dos quilombos, onde os negros tentaram reconstituir sua vida africana. Um dos maiores quilombos foi o Quilombo dos Palmares onde reinou Ganga Zumba ao lado de seu guerreiro Zumbi, protegido de Ogum.

“Zumbi, comandante guerreiro…
Guerreiro mor, capitão.
Da capitania da minha cabeça…
Levai alforria ao meu coração…”


(Gilberto Gil)

Os negros que se adaptavam mais facilmente à nova situação recebiam tarefas mais especializadas, reprodutores, caldeireiro, carpinteiros, tocheiros, trabalhador na casa grande (escravos domésticos) e outros, ganharam alforria pelos seus senhores ou pelas leis do Sexagenário, Ventre livre e enfim a Lei Áurea.
Estes negros aos poucos conseguiram envelhecer e constituir mesmo de maneira precária uma união representativa da língua, culto aos Orixás e aos antepassados e tornaram-se um elemento de referência para os mais novos, refletindo os velhos costumes da Mãe África.
Eles conseguiram preservar e até modificar, no sincretismo, sua cultura e sua religião. É interessante observar, entretanto, que nem todo Preto-Velho ou Preta-Velha na Umbanda, foi realmente um escravo(a) em sua última encarnação. Em alguns casos, esses espíritos nem encarnaram naquela forma ou naquela época. Porém, assumem aquela identidade apenas para um melhor diálogo. Para uma melhor comunicação, com aqueles que os procuram em busca de uma ajuda espiritual.
Atuação
E assim são os Pretos-Velhos da Umbanda. Eles representam a força, a resignação, a sabedoria, o amor e a caridade. São um ponto de referência para todos aqueles que necessitam: curam, ensinam, educam pessoas e espíritos sem luz.
Eles representam a humildade, não têm raiva ou ódio pelas humilhações, atrocidades e torturas a que foram submetidos no passado.
Com seus cachimbos, fala pousada, tranqüilidade nos gestos, eles escutam e ajudam àqueles que necessitam, independentes de sua cor, idade, sexo e de religião.
Não se pode dizer que em sua totalidade que esses espíritos são diretamente os mesmos pretos-velhos da escravidão. Pois, no processo cíclico da reencarnação passaram por muitas vidas anteriores foram: negros escravos, filósofos, médicos, ricos, pobres, iluminados, e outros. Mas, para ajudar aqueles que necessitam escolheram ou foram escolhidos para voltar a terra em forma incorporada de preto-velho. Outros, nem pretos-velhos foram, mas escolheram como missão voltar nessa pseudo forma.
Este comentário pode deixar algumas pessoas, do culto e fora dele, meio confusas: “então o preto-velho não é preto-velho, ou é, ou o que acontece???”.
O espírito que evoluiu tem a capacidade de se por como qualquer forma passada, pois ele é energia viva e conduzente de luz, a forma é apenas uma conseqüência do que eles tenham que fazer na terra. Esses espíritos podem se apresentar, por exemplo, em lugares como um médico e em outros como um preto-velho ou até mesmo um caboclo ou exu. Tudo isso vai de acordo com o seu trabalho, sua missão. Não é uma forma de enganar ou má fé com relação àqueles que acreditam, muito pelo contrário, quando se conversa sinceramente, eles mesmos nos dizem quem são, caso tenham autorização.
Por isso, se você for falar com um preto-velho, tenha humildade e saiba escutar, não queira milagres ou que ele resolva seus problemas, como em um passe de mágica, entenda que qualquer solução tem o princípio dentro de você mesmo, tenha fé, acredite em você, tenha amor a Deus e a você mesmo.
Para muitos os pretos-velhos são conselheiros mostrando a vida e seus caminhos; para outros, são pisicólogos, amigos, confidentes, mentores espirituais; para outros, são os exorcistas que lutam com suas mirongas, banhos de ervas, pontos de fogo, pontos riscados e outros, apoiados pelos exus de lei (exus de luz) desfazendo trabalhos e contra as forças negativas (o mal), espíritos obscessores e contra os exus pagãos (sem luz que trabalham na corrente negativa que levam os homens ao lado negativo e a destruição).

‘Vovô
Vim lhe pedir um favor, oh oh
Vovô
Vim lhe pedir um favor

Olhe por seus filhos,
Dê saude e amor
Olhe por seus filhos,
Dê saude e amor
Quando o galo canta
Raiou um dia
As Almas pedem uma Ave Maria
Quando o galo canta
Raiou um dia
As Almas pedem uma Ave Maria

Ave Maria cheia de graça
O Senhor está convosco
Bendita sois vós
Entre as mulheres
bendito e seus fruto
Do vosso ventre nasceu JESUS
Maria Conga
É quem vence demanda
Maria Conga
É quem vence demanda
Ô na sua terreira ela diz que tem mironga
Ô na sua terreira ela diz que tem mironga
Maria Congâ é lavadeira de sinha
Maria Congâ é lavadeira de sinha
Lava roupa de chita do terreiro de iaia
Lava roupa de chita do terreiro de iaia
Velho passou na ponte
A ponte tremeu
E debaixo da ponte
As Almas gemeu
Velho passou na ponte
A ponte tremeu
E debaixo da ponte
As Almas gemeu
Ô me valhei me as Almas
As Almas de São Cipriano
Ô me valhei me as Almas
As Almas de São Cipriano
Ô me valhei me as Almas
As Almas de São Cipriano
Ô me valhei me as Almas
As Almas de São Cipriano
Adeus, Adeus Vovó
A Vovó vai embora pra sua banda, adeus
Adeus, Adeus Vovó
A Vovó vai embora pra sua banda
Vai pedir a DEUS Vovó das Almas
Proteção pros seus filhos que choram lágrima
Vai pedir a DEUS Vovó das Almas
Proteção pros seus filhos que choram lágrima
O mar é lindo
também é
O mar é lindo
Mas o céu também é
Preto-Velho vai embora
Vai beira mar
Vai levando as mirongas
Lá pro fundo do mar
Preto-Velho vai embora
Vai beira mar
Vai levando as mirongas
Lá pro fundo do mar’
Hábitat: Cemitério, Matagais
Vibração: Segurança
Assuntos Relacionados: Todos
Atuação: Ajuda em todos os setores
Parte do Corpo: Todo o corpo
Essências: Heliotrópio, Alecrim, Café ( P. Velhos)
Junquilho ( P. Velhas)
Cores: Preto e Branco
Pedras: Crisópraso, Opala, Jade.
Metal: Antimônio, Níquel
Flores: Margaridas brancas de todos os tipos, grandes e miudas
Banhos de descarrego: Vários, sendo o principal feito com arruda, sal grosso, fumo de rolo picado e carvão ralado.
Libação: O mais comum é o Café amargo (sem açucar)
Imantação: Rapadura, Fumo de rolo, agrião, feijão preto, mingau-das-almas.
Guia Preto Velho: 128 contas ( sendo uma Preta seguida de uma Branca)
Guia Preta Velha: 126 contas (sendo uma Branca seguida de uma Preta)
Relação médium-guia: Os Pretos-velhos são de certa forma bem tolerantes com seus protegidos, sinhozinhos e sinhazinhas. Não se aborrece facilmente, mas quando acontece, são duros e exemplares no castigo e na indiferença. Pregam sobretudo e renovação moral dos seus tutelados em todos os sentidos.
Força da natureza: observadores atentos de todos os fenômenos físicos e astrais do planeta.
Expressão: boa-vontade, paciência, tolerância, mansuetude, alegria, comedimento.
Datas comemorativas: suas festas são realizadas por todo mês de maio. Nelas é servida a famosa feijoada e, de sobremesa, os doces típicos (queijadinha,pé-de-moleque, bolo de aipim, mãe-benta, quindim, pamonha, cocada-puxa e tantas outras guloseimas) da cozinha baiana e também de outros Estados brasileiros. Não se pode deixar de consignar o dia 13 de maio de 1888, data de Abolição da Escravatura no Brasil.
Composição: Agrupamentos distintos das várias nações africanas. Com o passar do tempo esta diferença está se esvaecendo.
Hierarquia: Seguem ao guia-chefe do templo, que tanto pode ser um Caboclo, como um Boiadeiro ou um Preto-Velho.
Saudação: “Abença, Preto-Velho”, “Abença, pai Joaquim” (ou nome que tenha a entidade). Também se usa o “Abença, vovô (ó)”, “Abença tiazinha”
Pontos cantados: Existem mais de uma centena, verdadeiras relíquias do cancioneiro sacro da Umbanda. Podem ser pontos de raiz ou pontos elaborados por compositores-ogàs, certamente inspirados por essas entidades maravilhosas.
Pontos riscados: de acordo com o grupamento
Indumentária: nada especial. Geralmente usam traje branco, mas em dias de festa e para agradar os Pretos-Velhos, o médium pode usar roupas de xadrezinho.
Local preferido: Quando não estão no Terreiro adoram as redondezas das Casas Coloniais.
Cor: da preferência de cada um, embora prefiram cores claras e o indefectível xadrezinho.
Cor da guia: usam colares confeccionados com sementes e miçangas a gosto da própria entidade.
Ervas utilizadas: exímios curadores através das plantas (sementes, raízes, casacas, folhas e frutos), os Pretos-Velhos, em sua maioria, sempre se voltaram para a medicina vegetal, embora reconhecendo a importância da alopatia, da homeopatia, da medicina alternativa e do advento da ciência nuclear dos dias de hoje com prolongamento natural para o plano astral, onde também se processa a cura de várias doenças.
Flores: gostam de todas, principalmente das de tonalidade clara.
Frutos: a gosto de cada um.
Mineral: nada especifico.
Planeta: Apreciam as fases lunares e o Sol.
Dia da semana: segundas-feiras, domingos e feriados.
Comidas secas: aipim e fruta-pão cozidos, mingaus diversos, principalmente o mungunzá, acaçá, acarajé e demais quitutes da cozinha africana.
Bebidas: café adocicado ou não, vinho tinto, água, garapa etc.
Pontos Cantados de Pretos Velhos
É preto , é preto , é preto oi cambinda
Todo mundo é preto oi cambinda
Na terra dos preto oi cambinda
Eu também sou preto. “bis”
*
Santo Antonio era menino , São Benedito era rapaz ,
Corre , corre Santo Antonio , quero ver quem corre mais.
*
Jesus , José e Maria
A estrela Dalva é a nossa guia “bis”
Eu quero ver esse Congá firmado
Preto velho ajoelhado , comandando a nossa gira. “bis”
*
Gosto de ver Preto Velho no Congá
Como é bonito Preto Velho trabalhar “bis”
Quando ele baixa , ele traz seu patuá
A cruz de Zambi e o rozário de Iemanjá. “bis”
*
Vó Maria Preta Velha no tempo da escravidão,
Toda tarde ela varria o terreiro do patrão. “bis”
Ô mãe Maria sacode a poeira da sua saia ,
Sacode a poeira da sua saia , sacode a poeira da sua saia.
*
Santo Antonio é dono de terreiro
Santo Antonio é dono de Congá
Quem ata e desata é Santo Antonio
Santo Antonio que venha desatar.
*
Meu pito tá apagado
Minha marafa acabou
Vou trabalhar pra zuncê
Porque sou trabalhador “bis”
Eu vou trabalhar , zuncê vai ganhar
Muito bango meu filho
E depois vem me pagar.
*
Preto velho que veio de Angola , vamos saravá no Congá,
Aê , aê ,aê , vamos saravá no Congá,
Preto Velho é pai Benedito , Preto Velho é João Ferrador,
Preto Velho é Gima no toco , que chega nungoma saravá Xangô;
Preto Velho veio de Cambinda , Preto Velho veio de Luanda,
Preto Velho veio lá do Congo pra saravá filhos de Umbanda.
*
Preto Velho tá cansado , de tanto trabalhar
Preto Velho tá cansado , de tanto curimbar “bis”
Canta ponto , risca Pemba , é longa a caminhada
Quem tem fé , tem tudo , quem não tem fé não tem nada “bis”
*
Ele é um negro feiticeiro , que trabalha na Umbanda,
que trabalha na Quimbanda e na linha do Candomblé ,
Esse negro eu quero ver , esse negro eu quero ver ,
Esse negro eu quero ver , esse negro eu quero ver. “bis”
*
Ê Luanda , terra da macumba , do batuque e docanjerê ê ê
Terra da macumba , do batuque e do canjerê ,
Eu vou bater tambor , eu vou bater tambor
Fazer o meu batuque , chama meu protetor ,
Fazer o meu batuque , chamar meu protetor ô ô.
*
Nega Cambinda que fala na lingua Nagô ,
Nega da Costa Mina , filha de Babalaô “bis”
Na macumba êê , na macumba áá “bis”
Nega pula , nega dança , nega joga seu marafo,
Saravá seu protetor . “bis”
*
Vem Congo , vem pai , vem no terreiro para trabalhar “bis”
Pisou na linha do Congo , é Congo é Congo , é aruê
Pisou na linha do Congo , agora que eu quero ver.
Salve todos os PRETOS-VELHOS, que Oxalá os iluminem e os abençoem. A todos os PRETOS-VELHOS que trabalham nesse mundo e no outro com muito amor.

as caracteristicas de filho de Iansa e Ogum!!

E segue as caracteristicas de filho de Iansa e Ogum!!

Primeiro Iansã:

São de Iansã, aquelas pessoas que podem ter um desastroso ataque de cólera no meio de uma festa, num acontecimento social, na casa de um amigo - e, o que é mais desconcertante, momentos após extravasar uma irreprimível felicidade, fazer questão de mostrar, à todos, aspectos particulares de sua vida.
Os Filhos de Iansã são atirados, extrovertidos e chocantemente diretos. Às vezes tentam ser maquiavélicos ou sutis, mas, a longo prazo, um filho de Iansã sempre acaba mostrando cabalmente quais seus objetivos e pretensões.
Têm uma tendência a desenvolver vida sexual muito irregular, pontilhada por súbitas paixões, que começam de repente e podem terminar mais inesperadamente ainda. Se mostram incapazes de perdoar qualquer traição - que não a que ele mesmo faz contra o ser amado. Enfim, seu temperamento sensual e voluptuoso pode levá-las a aventuras amorosas extraconjugais múltiplas e freqüentes, sem reserva nem decência, o que não as impede de continuarem muito ciumentas dos seus maridos, por elas mesmas enganados. Mas quando estão amando verdadeiramente são dedicadas a uma pessoa são extremamente companheiras.
Todas essas características criam uma grande dificuldade de relacionamentos duradouros com os filhos de Iansã. Se por um lado são alegres e expansivos, por outro, podem ser muito violentos quando contrariados; se têm a tendência para a franqueza e para o estilo direto, também não podem ser considerados confiáveis, pois fatos menores provocam reações enormes e, quando possessos, não há ética que segure os filhos de Iansã, dispostos a destruir tudo com seu vento forte e arrasador.
Ao mesmo tempo, costumam ser amigos fiéis para os poucos escolhidos ara seu círculo mais íntimo.


Ogum:

Não é difícil reconhecer um filho de Ogum. Tem um comportamento extremamente coerente, arrebatado e passional, aonde as explosões, a obstinação e a teimosia logo avultam, assim como o prazer com os amigos e com o sexo oposto. São conquistadores, incapazes de fixar-se num mesmo lugar, gostando de temas e assuntos novos, conseqüentemente apaixonados por viagens, mudanças de endereço e de cidade. Um trabalho que exija rotina, tornará um filho de Ogum um desajustado e amargo. São apreciadores das novidades tecnológicas, são pessoas curiosas e resistentes, com grande capacidade de concentração no objetivo em pauta; a coragem é muito grande.
Os filhos de Ogum custam a perdoar as ofensas dos outros. Não são muito exigentes na comida, no vestir, nem tão pouco na moradia, com raras exceções. São amigos camaradas, porém estão sempre envolvidos com demandas.
Divertidos, despertam sempre interesse nas mulheres, tem seguidos relacionamentos sexuais, e não se fixam muito a uma só pessoa até realmente encontrarem seu grande amor.
São pessoas determinadas e com vigor e espírito de competição. Mostram-se líderes natos e com coragem para enfrentar qualquer missão, mas são francos e, às vezes, rudes ao impor sua vontade e idéias. Arrependem-se quando vêem que erraram, assim, tornam-se abertos a novas idéias e opiniões, desde que sejam coerentes e precisas.
As pessoas de Ogum são práticas e inquietas, nunca “falam por trás” de alguém, não gostam de traição, dissimulação ou injustiça com os mais fracos.
Nenhum filho de Ogum nasce equilibrado. Seu temperamento, difícil e rebelde, o torna, desde a infância, quase um desajustado. Entretanto, como não depende de ninguém para vencer suas dificuldades, com o crescimento vai se libertando e acomodando-se às suas necessidades.

Quando os filhos de Ogum conseguem equilibrar seu gênio impulsivo com sua garra, a vida lhe fica bem mais fácil. Se ele conseguisse esperar ao menos 24 hs. para decidir, evitaria muitos revezes, muito embora, por mais incrível que pareça, são calculistas e estrategistas. Contar até 10 antes de deixar explodir sua zanga, também lhe evitaria muitos remorsos. Seu maior defeito é o gênio impulsivo e sua maior qualidade é que sempre, seja pelo caminho que for, será sempre um Vencedor.

A sua impaciência é marcante. Tem decisões precipitadas. Inicia tudo sem se preocupar como vai terminar e nem quando. Está sempre em busca do considerado o impossível. Ama o desafio.
Não recusa luta e quanto maior o obstáculo mais desperta a garra para ultrapassá-lo. Como os soldados que conquistavam cidades e depois a largavam para seguir em novas conquistas, os filhos de Ogum perseguem tenazmente um objetivo: quando o atinge, imediatamente o larga e parte em procura de outro. É insaciável em suas próprias conquistas. Não admite a injustiça e costuma proteger os mais fracos, assumindo integralmente a situação daquele que quer proteger.
Sabe mandar

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Falando sobre Oxum

Falando sobre Oxum
Oxum é chamada de Yalodê, título conferido à pessoa que ocupa o lugar mais importante entre as mulheres da cidade, além disso, ela é a rainha de todos os rios e exerce seu poder sobre as águas doces, sem a qual a vida na terra seria impossível.
Dança de preferência sob o ritmo de sua terra: Igexá. Sua dança lembra o comportamento de uma mulher vaidosa e sedutora.
A deusa das águas doces, símbolo da riqueza, do charme, da elegância, foi a segunda esposa de Xangô, antes, porém, esposa de Oxossi, sua grande paixão. Patrona do ventre, comanda o baixo ventre.
Divindade única, genitora, ligada à procriação, patrona da gravidez, do desenvolvimento do feto.
Foi a primeira Iyami encarregada de ser Olotoju Anon Omi (aquela que vela pelas crianças e cura).
O ovo é um de seus símbolos.
Seu habitar: rios e cachoeiras
Há várias qualidades de Oxum sincretizado no nosso Ilê: Santa Madalena ou Nossa Senhora do Carmo.
Dia: 16 de julho.
Metal: Ouro ou Latão Amarelo.
Ota: Citrino, Topázio e Pedra de Cachoeira.
Patrona do ventre e da visão.
Símbolo: Abebê.
Oferenda: Omolocum, fruta banana ouro.
Cor: Amarelo dependendo da qualidade

Falando sobre Yemanjá

A mãe dos peixes.

Yemanjá seria a filha de Olokun, Deus em Benin, ou deusa de Ifé e do mar.

Conta uma das lendas, cansada de sua permanência em Ifé, fugiu em direção ao oeste. Outrora, Olokun lhe havia dado, por medida de precaução, uma garrafa contendo um preparo, pois não se sabia o que poderia acontecer amanhã, com a recomendação de quebrá-la no chão em caso de extremo perigo.

Encontrando-se em reunião, percebeu que todos olhavam para seu busto de grande volume e comentava-se sobre ele, constrangida agitou-se e retirou-se do evento, indo se isolar onde não pudesse lhe achar. Preocupado seu esposo rei de Ifé, lançou seu exercito a procura e com intenção de não voltar. Ela quebrou a garrafa segundo a instrução recebida do seu pai usando o código das Ondinas:

Eu sou como a água
nenhuma barreira poderá represar-me
e impedir que me torne um Grande Oceano
se barrarem a minha passagem,
colocando grandes pedras em meu caminho
me transformarei em torrente, em cachoeira
e saltarei impetuosamente
se me fecharem todas as saídas, eu me infiltrarei no subsolo,
permanecerei oculta por algum tempo.
Mas não tardarei a reaparecer, em breve estarei jorrando
através de fontes cristalinas para saciar deliciosamente
a sede dos Caminhantes Nômades.
Se me impedirem também de penetrar no subsolo,
eu me transformarei em vapor.
Formarei nuvens e cobrirei os céus.
E,chegando a hora,atrairei furacões,maremotos,
provocarei relâmpagos e trovões,desabarei torrencialmente,
inundarei e romperei qualquer barreira

E SEREI FINALMENTE UM GRANDE OCEANO.



Dia: sábado.

Metal: prata e prateados

Ota: Pérola Marinha, Pedra da Lua azul e Água Marinha.

Saudação: Odoya

Oferenda: epo de milho branco, manjar branco com leite de coco e açúcar, acaçá, peixe de água salgada, bolo de arroz e fruta: pêra.

Símbolo: abebê branco

Sincretizado como nossa Senhora das cabeças.